quinta-feira, 11 de junho de 2015

Contextualização

Guerra dos Cem Anos

  • Ficou conhecido como Guerra dos Cem Anos um dos maiores conflitos da Idade Média, que envolveu duas das principais potências europeias, França e Inglaterra. Apesar do nome, durou mais de um século, pois começou em 1337 e terminou em 1453. Além disso, a guerra não foi um confronto ininterrupto, mas sim uma série de disputas permeadas por várias batalhas.
    A guerra dos Cem Anos atravessou várias épocas,. Superou o fim da idade média e o começo do período moderno. A luta colaborou também para formação dos estados modernos europeus e a queda do feudalismo. 
    De certo modo, o episódio sintetiza, em vários aspectos, o caráter transitório do período. O cenário é o de um mundo feudal em decomposição, mas ainda predominante, que gradualmente caminha para uma nova realidade, marcada pelo crescimento do comércio, da economia urbana e da riqueza mercantil.

    Guerra dos Cem Anos

    Início da Guerra
    • O início do conflito deriva de um conjunto de desacordos entre as casas monárquicas inglesa e francesa, pois desde a conquista do trono inglês por Guilherme, duque da Normandia, em 1066, a coroa inglesa e o reino normando estavam interligados. Tal união, iria, no futuro, trazer uma confusão entre reis, terras e sucessores.
    As relações entre os dois lados, como era de se esperar, sempre foram tensas. Os reis ingleses que se sucederam estavam obrigados a fazer votos de lealdade e vassalagem aos reis franceses.As províncias tanto de um lado como do outro agiam sempre isoladamente, mas sem tentar escapar ao poder da administração real, de muito poder.
     Na França não havia um sentimento nacional ou uma união de classes suficientemente fortes, apenas uma lealdade comum à coroa. Com ampla autoridade sob suas terras, os condes e duques tomavam partido em conflitos sem realizar qualquer consulta à coroa.



    Crise sucessória
    • A morte do monarca francês Carlos IV em 1328 sem herdeiros, mas com uma rainha grávida, criou imediatamente o problema da regência e o de sucessão. Haviam dois candidatos ao trono, um deles o rei inglês Eduardo III (sobrinho de Carlos IV) porém, por linhagem feminina. O parente mais próximo por linhagem masculina era Filipe de Valois, da casa monárquica francesa.
    Uma assembleia entre os vassalos do reino foi convocada para escolher o regente até o nascimento do filho ou filha de Carlos IV. A rainha dá à luz a uma menina, e logo depois Filipe de Valois é coroado rei da França, sob o nome de Filipe VI da Casa de Valois. Eduardo III protesta, mas acaba por prestar homenagem ao novo rei. 
    O aparente entendimento e o fim das disputas, no entanto, é breve, e a tensão entre a coroa francesa e inglesa iriam aumentar ainda mais.

    • Não houve uma grande expansão, mas, ao final da primeira fase do conflito, em 1360, tratados asseguraram aos ingleses a total soberania sobre as terras que possuíam na França. Nas décadas seguintes, conflitos internos levaram os dois países a se concentrarem mais nos problemas domésticos e a guerra entrou numa fase de paz não-declarada, rompida de quando em quando. Por volta de 1420, um novo rei inglês, Henrique V, decidiu aproveitar uma crise entre o monarca francês e alguns nobres para reivindicar novamente o trono da França, dando início a mais um período turbulento. Essa fase final do conflito, porém, foi favorável aos franceses. Comandados por um novo rei, Carlos VII, e com exércitos mais organizados, eles expulsaram os ingleses da Normandia, da Guiana e da Gasconha. A famosa batalha na cidade francesa de Castillon, em 1453, é hoje considerada pelos historiadores o fim da longa guerra, embora nenhum acordo tenha sido assinado e eventuais conflitos tenham continuado a ocorrer.


    "A Guerra dos Cem Anos foi a última guerra feudal e também a primeira moderna. Ela foi dirigida por membros da aristocracia feudal no início do conflito e terminou como uma disputa entre Estados que já tinham exércitos nacionais", diz Yone. Por isso, ela foi um grande marco no desenvolvimento europeu (principalmente na França) da idéia de nação, que unificou países antes divididos em territórios controlados por nobres.

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    • Ponto estratégico

    Apesar de a guerra ser travada em território francês, havia cidades estratégicas também na Inglaterra. Os navios que faziam a ligação entre a ilha e o continente partiam de Southampton, um dos principais portos ingleses na Idade Média.

    • Arma poderosa

    A besta, arma medieval para lançar setas, foi um dos destaques do arsenal militar usado na guerra. Sob certas condições, o arco se mostrou superior, disparando mais flechas por minuto, com maior alcance e precisão. Mas a besta possuía suas vantagens: exigia menor esforço, era mais fácil de transportar e de ser disparada por um homem a cavalo.

    • Batalha shakespeariana

    Pano de fundo das cenas mais emocionantes da peça Henrique V, de Shakespeare, a batalha de Agincourt, em 1415, foi a última grande vitória inglesa na guerra. Cerca de 9 mil soldados do rei inglês Henrique V conseguiram derrotar 25 mil cavaleiros franceses.

    A peste paralisa a guerra

    É neste momento que surge um protagonista inesperado: a peste negra, resultado das condições precárias de higiene e de uma alta população de ratos (os veículos da doença) acaba por travar os avanços de Eduardo III. A guerra sofre uma pausa forçada.
    Filipe VI morre em 1350 e João II, filho de Filipe, assume o trono. O rei inglês retoma a guerra na França enviando seu filho, príncipe de Gales, Eduardo, príncipe negro, em 1355 para devastar as terras centrais da França. As forças de João encontrarão as do príncipe negro em Poitiers, onde sofrem novamente uma esmagadora derrota. João II é capturado e levado à Inglaterra.

    Joana d’Arc
    Eis que surge nesse período uma personagem de extrema relevância para a formação da identidade nacional francesa. Joana nasceu provavelmente em Domremy, a 6 de Janeiro de 1412. Era uma simples pastora, pessoa do povo. Desde a infância tinha “visões” místicas que lhe anunciavam a vontade divina de libertar a França do domínio inglês.
    Joana d’Arc não lutava por um senhor ou um feudo, mas sim todo um povo, um único rei. Sob seu comando os exércitos franceses venceram importantes batalhas, quando em 1430 ela foi capturada pelos ingleses e queimada como herética na fogueira no ano seguinte. Seu martírio tornou-se inspiração ao povo francês para reconquistar as terras do norte.

    Final da Guerra 
    Em 1450 a coroa francesa tomava a Normandia e em 1453, vence a batalha de Castillon, tomando o último castelo inglês e confirmando a soberania de todo o território por Carlos VII. A guerra dos Cem Anos acabou por gerar um sentimento nacional na França, além de uma reformulação nas táticas de guerra como a utilização da pólvora no campo de batalha e lançamento de projéteis.



    http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-foi-a-guerra-dos-cem-anos
    http://www.infoescola.com/historia/guerra-dos-cem-anos/
    http://projeto.unisinos.br/rla/index.php/rla/article/viewFile/249/202

    quinta-feira, 4 de junho de 2015

    Cultura do Palácio (Renascimento)

    Biografia de Thomas More

    • Thomas More/Thomas Morus ou Tomás Moro nasceu a 7 de Fevereiro de 1478 e foi um homem de estado, diplomata, escritor, advogado e homem de leis. Ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 1529 a 1532, o cargo de "Lord Chancellor" (Chanceler do Reino - o primeiro leigo em vários séculos) de Henrique VIII da Inglaterra. É geralmente considerado como um dos grandes humanistas do Renascimento. 

    São Thomas More por Hans Holbein, o Jovem (1527).

    História

    • Thomas More chegou a se auto descrever como "de família honrada, sem ser célebre, e um tanto entendido em letras". Era filho do juiz Sir John More, investido cavaleiro por Eduardo IV, e de Agnes Graunger. Estudou na Escola de St. Anthony na sua cidade e enquanto jovem foi pajem do arcebispo Morton. Prosseguiu os seus estudos em Oxford, sob a tutela de Thomas Linacre e de William Grocyn e não só estudou Literatura Grega e Latina, como começou a escrever comédias. 

    Escola de St. Anthony

    • Por volta de 1494, tornou a Londres para estudar Direito, tornando-se advogado em 1501. Fez intenções de abraçar a vida monástica, mas sentiu-se na obrigação de servir o seu país através da política. Foi eleito para o Parlamento em 1504, altura em que casou pela primeira vez.

    • Casou-se com Jane Colt em 1505, tendo tido como filhos: Margaret, Elizabeth, Cecily e John. Jane morreu em 1511 e Thomas More casou-se com lady Alice Middleton. More era homem de muito bom humor, caseiro e dedicado à família, muito próximo e amigo dos filhos. 
       

    •  Fez carreira como advogado respeitado, honrado e competente e exerceu por algum tempo a cátedra universitária. Em 1504, fazia parte da Câmara dos Comuns da qual foi eleito Speaker (ou presidente), tendo ganho fama de parlamentar combativo.  

     O divórcio de Henrique VIII


    • Thomas Wolsey, Arcebispo de York, não foi bem sucedido na sua tentativa de conseguir nem o divórcio, nem a anulação do casamento do rei com Catarina de Aragão como pretendia Henrique VIII de Inglaterra e foi forçado a demitir-se em 1529. More foi nomeado chanceler em sua substituição, sendo evidente que Henrique ainda não se tinha apercebido da rectidão de caráter de More nesta matéria.


    •  Sendo profundo conhecedor de teologia e do direito canónico e homem religioso - ao ponto de se mortificar por Deus - usava por baixo das roupas uma camisa de cilício - More via na anulação do sacramento do casamento uma matéria da jurisdição do papado, e a posição do Papa Clemente VII era claramente contra o divórcio em razão da doutrina sobre a indissolubilidade do matrimónio. Contrário às Reformas Protestantes então já efetuadas e percebendo que na Inglaterra poderia acontecer o mesmo (devido às questões pessoais do soberano que conduziram à crise político-diplomática com Roma), More - apoiante das decisões da Santa Sé e sendo católico - deixa seu cargo de Lord Chancellor do rei em 16 de maio de 1532, provocando desconfiança na Corte e em Henrique VIII particularmente.
    Cilicio photo cilicio.jpg 
    Camisa de cilício (utilizado como uma das formas de tortura antigamente) - camisa de pêlo áspero e duro


    Martírio

    • More foi convocado para fazer o juramento em 17 de Abril de 1534, e perante a sua recusa, foi preso na Torre de Londres, juntamente com o Cardeal e Bispo de Rochester John Fisher, tendo ali escrito o "Dialogue of Comfort against Tribulation". A sua decisão foi manter o silêncio sobre o assunto. Pressionado pelo rei e por amigos da corte, More decidiu não enumerar as razões pelas quais não prestaria o juramento.
    • Inconformado com o silêncio de More, o rei determinou o seu julgamento, sendo condenado à morte, e posteriormente executado em Tower Hill a 6 de julho. Nem no cárcere nem na hora da execução perdeu a serenidade e o bom humor e, diante das próprias dificuldades reagia com ironia.
    • Pela sentença o réu era condenado "a ser suspenso pelo pescoço" e cair em terra ainda vivo. Depois seria esquartejado e decapitado. Em atenção à importância do condenado o rei, "por clemência", reduziu a pena a "simples decapitação". Ao tomar conhecimento disto, Tomás comentou: "Não permita Deus que o rei tenha semelhantes clemências com os meus amigos." No momento da execução suplicou aos presentes que orassem pelo monarca e disse que "morria como bom servidor do rei, mas de Deus primeiro."
    • A sua cabeça foi exposta na ponte de Londres durante um mês, foi posteriormente recolhida por sua filha, Margaret Roper. A execução de Thomas More na Torre de Londres, no dia 6 de julho de 1535 antes das nove horas, ordenada por Henrique VIII, foi considerada uma das mais graves e injustas sentenças aplicadas pelo Estado contra um homem de honra, consequência de uma atitude despótica e de vingança pessoal do rei. Ele está sepultado na Capela Real de São Pedro. 
    •  Foi beatificado em 1886 e canonizado santo pela Igreja Católica em 1935.
     

    http://www.infopedia.pt/$thomas-more
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_More



    segunda-feira, 9 de março de 2015

    Cultura da Catedral


    Catedral de Santiago de Compostela


    • Construída entre os anos de 1075 e 1128, durante a Reconquista Cristã, na época das Cruzadas, está situada no centro histórico da cidade da província da Corunha, na Galiza.
    • É um milenar centro de peregrinação cristã da Europa.
    • Após a descoberta do que se consideravam os restos do apóstolo Santiago Maior, o rei Afonso II das Astúrias mandou edificar uma igreja dedicada ao culto do apóstolo. A construção iniciou-se em 1075 e em 1128 concluíram as obras do templo, deixando para trás meio século de trabalhos.
    Consta de uma planta basilical de cruz latina. Na cabeceira situa-se a capela-mor, rodeada por uma charola pela que se acede a cinco capelas radiais menores. Esta estrutura segue os exemplos franceses dos templos de peregrinação, novas formas construtivas chegadas através do Caminho de Santiago.

     Interior da catedral 


    trifório (galerias sobre as naves laterais) recebem luz diretamente do exterior, transformando-a numa luz filtrada, contribuindo para a mística do local.


    • O Panteão Real - É o lugar dentro da Catedral onde se soterravam reis e personagens do Reino da Galiza.
    • Capela-mor - As suas abóbadas e arcos conservam vestígios de cinco etapas pictóricas.

    • Sepulcro do apóstolo Tiago, na abside principal

    Exterior da catedral

    • O Pórtico da Glória

    • A Fachada das Pratarias















    Românico em Portugal - Rota

    O estilo românico surgiu em Portugal no final do século XI, no âmbito de um fenómeno mais vasto de europeização da cultura, que trouxe para a Península Ibérica a reforma monástica clunicense e a liturgia romana. A chegada das ordens religiosas de Cluny, Cister, dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e das Ordens Militares deve ser entendida no processo da Reconquista e da organização do território.


    A conquista de Coimbra aos mouros, em 1064, por Fernando Magno de Leão, deu uma maior segurança às regiões do Norte. Esta época é marcada por um crescimento demográfico, por uma muito mais densa ocupação do território e por um habitat mais estruturado.

    A expansão da arquitetura românica, em Portugal, coincide com o reinado de D. Afonso Henriques. Foi nesta época que se iniciaram as obras das Sés de Lisboa, de Coimbra e do Porto e que se construiu o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.



    Sendo uma arquitetura predominantemente religiosa, o românico está muito relacionado com a organização eclesiástica diocesana e paroquial e com os mosteiros das várias ordens monásticas, fundados ou reconstruídos nos séculos XII e XIII. 


    Em Portugal a arquitetura românica concentra-se, essencialmente, no Noroeste e no Centro, sendo coeva do período em que se estrutura o seu habitat, com as freguesias e toda uma organização religiosa e vicinal de aldeamentos. A expansão do estilo românico não corresponde propriamente à Reconquista, mas antes à reorganização do território. As dioceses dividem-se em paróquias que têm, no Entre-Douro-e-Minho, uma rede muito densa.




    segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

    Cultura do Mosteiro

    Idade Média





    Conceito - A Idade Média (também conhecida como Período Medieval) corresponde ao período da história europeia, que se inicia com a desintegração do Império Romano do Ocidente e que finda no séc. XV. É uma idade histórica que sucede a Idade Antiga e precede a Idade Contemporânea. A Idade Média, por outro lado, pode dividir-se em Alta Idade Média (o período que abarca os primeiros séculos) e em Baixa Idade Média (os últimos séculos da Idade Média).

     As principais características da Idade Média foram a chegada do povo bárbaro, a consolidação do feudalismo e a expansão do cristianismo.


    Invasões bárbaras - No período da Idade Média, os romanos tinham como hábito tratar seus invasores por bárbaros, o que era uma herança grega, pois designavam bárbaros os estrangeiros que não eram gregos ou que não tinham como língua materna a sua língua.

    As invasões dos povos bárbaros foram de grande importância para que se pôde iniciar uma crise no Império Romano.

    Primeiramente pelo intercâmbio cultural que isto desencadeava, trazendo influências estrangeiras para o Império Romano. Fato que se comprova na Idade Média quando há uma certa mistura de instituições e costumes de origem romana e germânica.


    Bibliografia: http://www.notapositiva.com/dicionario_historia/idademedia.htm


    Regra de São Bento de Núrsia


    O espírito da Regra de São Bento resume-se em dois pontos: 

    • o lema da Ordem de São Bento (pax/paz), que nasceria séculos mais tarde como resultado da agremiação de vários mosteiros que partilhavam a mesma regra; 
    • E ainda o tradicional ora et labora (reza e trabalha), dicas de como um monge deve viver a vida.
    Foi escrito por São Bento (c. 480 - c. 547) no fim da sua vida, composto a partir de 530.

    A "Regra do Mestre" determina que o abade deve ser designado pelo predecessor, a Regra de S. Bento prevê a sua eleição pela comunidade, à cabeça da qual será colocado. O abade, segundo S. Bento, deverá amar os seus monges como seus filhos e fazer-se amar por eles. 


    (abade deriva do siríaco apa, pai, cuja helenização deu abbas, assim passando ao latim)



    A princípio com limitada influência, a Regra começou a ser largamente difundida na época carolíngia, com Bento de Aniana, graças à autoridade na Igreja de Gregório "o Grande", que confere um lugar de destaque a S. Bento e à sua época. Torna-se mesmo, na época românica, o documento fundamental da vida monástica, servindo de modelo a um grande número de novas ordens que a adotam ou nela se inspiram.

    Em Portugal, entra com carácter definitivo e de forma clara depois do Concílio Coiança (Castela), em 1020.
    A Regra de S. Bento foi o melhor sustentáculo da Igreja Medieval primitiva. Rompendo com o ascetismo intransigente do monaquismo oriental, instituiu uma vida comunitária rigorosa, mas razoável e equilibrada.


    O ensino nas abadias beneditinas nos períodos agitados era o único sistema de formação de homens cultos e de administradores, cada vez mais confrontados com formas de governos mais complexas.
    Esta Regra ainda hoje se mantém viva em milhares de mosteiros no mundo inteiro.

    Vida no mosteiro na época medieval

    A vida nos mosteiros

    Nem todos os cristãos eram a favor de a Igreja acumular riquezas e criticavam a vida luxuosa que muitos bispos  e padres levavam. Procurando retomar os ensinamentos e a vida pobre de Cristo, muitos religiosos optaram por uma vida mais simples, recusando os bens materiais. Surgiram assim as ordens monásticas.
    Dentre as novas ordens, destacaram-se as criadas por São Bento.
    Nos mosteiros beneditinos de toda a Europa medieval, os monges eram arrancados ao minguado conforto dos seus colchões de palha e ásperos cobertores pelos sineiros, que os despertavam às 2 horas da madrugada. Momentos depois, dirigiam-se apressadamente, ao longo dos frios corredores de pedra, para o primeiro dos seis serviços diários na enorme igreja (havia uma em cada mosteiro), cujo altar, esplendoroso na sua ornamentação de ouro e prata, resplandecia à luz de centenas de velas. Esperava-os um dia igual a todos os outros, com uma rotina invariável de quatro horas de serviços religiosos, outras quatro de meditação individual e seis de trabalhos braçais nos campos ou nas oficinas. As horas de oração e de trabalho eram entremeadas com períodos de meditação; os monges deitavam-se geralmente pelas 6.30 horas da tarde. Durante o Verão era-lhes servida apenas uma refeição diária, sem carne; no Inverno, havia uma segunda refeição para os ajudar a resistir ao frio.

    Nos seus jardins murados, os monges cultivavam ervas medicinais; num dado momento— ninguém sabe quando —, ocorreu-lhes a ideia de adicionar algumas ervas à aguardente, inventando assim o licor beneditino. Pode parecer estranha esta associação da vida monástica com o luxo das bebidas alcoólicas, mas o vinho foi sempre uma bebida permitida aos Beneditinos. Ligava bem com as suas refeições simples, constituídas essencialmente por pão, ovos, queijo e peixe. Embora a carne fosse proibida nos primeiros séculos, posteriormente algumas abadias adicionaram aos alimentos consumidos aves de capoeira e de caça, uma vez que o fundador não as mencionara expressamente entre as vitualhas proibidas. Em todas as refeições, porém, reinava o silêncio. Deste modo, a Regra de S. Bento, posto que severa sob muitos aspectos, conseguiu atingir um certo equilíbrio entre a ascese e o comprazimento.

    Recomendava-se o silêncio, mas em termos de "espírito de taciturnidade", e não de completa mudez; de facto, existia uma sala especial, com uma lareira acesa no Inverno, onde os monges conversavam. Igual consideração para com os monges se verificava no fornecimento do vestuário, simples mas limpo, que incluía uma muda do hábito e da túnica interior. Os Beneditinos viviam e trabalhavam em obediência absoluta ao seu abade. Eram eles que o elegiam, mas a partir de então a sua autoridade era total e vitalícia. Era o abade quem deliberava sobre a faceta privilegiada do mosteiro — se este deveria primar pela santidade austera, pela cozinha ou pela erudição. No interior das suas paredes maciças, que nenhum cristão ousaria atacar, os mosteiros possuíam bibliotecas nas quais se conservou intacta grande parte da herança literária da Antiguidade durante os séculos em que a Europa foi assolada por invasões e guerras intestinas.
    Na realidade, a segurança, tanto económica como física, que os mosteiros ofereciam às respectivas irmandades deve ter constituído um dos seus principais atractivos. Séculos após século, tanto os Beneditinos como os monges de outras ordens religiosas viveram sem temer a fome, a guerra ou o desamparo. E reconfortava-os sempre a ideia de que, no fim, tinham maiores probabilidades de salvação do que os camponeses ou os cavaleiros, que viviam apegados às coisas mundanas.



    http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/modelos/vidamosteiro.htm

    Planta do Mosteiro

    Reconstituição de um mosteiro