quinta-feira, 11 de junho de 2015

Contextualização

Guerra dos Cem Anos

  • Ficou conhecido como Guerra dos Cem Anos um dos maiores conflitos da Idade Média, que envolveu duas das principais potências europeias, França e Inglaterra. Apesar do nome, durou mais de um século, pois começou em 1337 e terminou em 1453. Além disso, a guerra não foi um confronto ininterrupto, mas sim uma série de disputas permeadas por várias batalhas.
    A guerra dos Cem Anos atravessou várias épocas,. Superou o fim da idade média e o começo do período moderno. A luta colaborou também para formação dos estados modernos europeus e a queda do feudalismo. 
    De certo modo, o episódio sintetiza, em vários aspectos, o caráter transitório do período. O cenário é o de um mundo feudal em decomposição, mas ainda predominante, que gradualmente caminha para uma nova realidade, marcada pelo crescimento do comércio, da economia urbana e da riqueza mercantil.

    Guerra dos Cem Anos

    Início da Guerra
    • O início do conflito deriva de um conjunto de desacordos entre as casas monárquicas inglesa e francesa, pois desde a conquista do trono inglês por Guilherme, duque da Normandia, em 1066, a coroa inglesa e o reino normando estavam interligados. Tal união, iria, no futuro, trazer uma confusão entre reis, terras e sucessores.
    As relações entre os dois lados, como era de se esperar, sempre foram tensas. Os reis ingleses que se sucederam estavam obrigados a fazer votos de lealdade e vassalagem aos reis franceses.As províncias tanto de um lado como do outro agiam sempre isoladamente, mas sem tentar escapar ao poder da administração real, de muito poder.
     Na França não havia um sentimento nacional ou uma união de classes suficientemente fortes, apenas uma lealdade comum à coroa. Com ampla autoridade sob suas terras, os condes e duques tomavam partido em conflitos sem realizar qualquer consulta à coroa.



    Crise sucessória
    • A morte do monarca francês Carlos IV em 1328 sem herdeiros, mas com uma rainha grávida, criou imediatamente o problema da regência e o de sucessão. Haviam dois candidatos ao trono, um deles o rei inglês Eduardo III (sobrinho de Carlos IV) porém, por linhagem feminina. O parente mais próximo por linhagem masculina era Filipe de Valois, da casa monárquica francesa.
    Uma assembleia entre os vassalos do reino foi convocada para escolher o regente até o nascimento do filho ou filha de Carlos IV. A rainha dá à luz a uma menina, e logo depois Filipe de Valois é coroado rei da França, sob o nome de Filipe VI da Casa de Valois. Eduardo III protesta, mas acaba por prestar homenagem ao novo rei. 
    O aparente entendimento e o fim das disputas, no entanto, é breve, e a tensão entre a coroa francesa e inglesa iriam aumentar ainda mais.

    • Não houve uma grande expansão, mas, ao final da primeira fase do conflito, em 1360, tratados asseguraram aos ingleses a total soberania sobre as terras que possuíam na França. Nas décadas seguintes, conflitos internos levaram os dois países a se concentrarem mais nos problemas domésticos e a guerra entrou numa fase de paz não-declarada, rompida de quando em quando. Por volta de 1420, um novo rei inglês, Henrique V, decidiu aproveitar uma crise entre o monarca francês e alguns nobres para reivindicar novamente o trono da França, dando início a mais um período turbulento. Essa fase final do conflito, porém, foi favorável aos franceses. Comandados por um novo rei, Carlos VII, e com exércitos mais organizados, eles expulsaram os ingleses da Normandia, da Guiana e da Gasconha. A famosa batalha na cidade francesa de Castillon, em 1453, é hoje considerada pelos historiadores o fim da longa guerra, embora nenhum acordo tenha sido assinado e eventuais conflitos tenham continuado a ocorrer.


    "A Guerra dos Cem Anos foi a última guerra feudal e também a primeira moderna. Ela foi dirigida por membros da aristocracia feudal no início do conflito e terminou como uma disputa entre Estados que já tinham exércitos nacionais", diz Yone. Por isso, ela foi um grande marco no desenvolvimento europeu (principalmente na França) da idéia de nação, que unificou países antes divididos em territórios controlados por nobres.

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    • Ponto estratégico

    Apesar de a guerra ser travada em território francês, havia cidades estratégicas também na Inglaterra. Os navios que faziam a ligação entre a ilha e o continente partiam de Southampton, um dos principais portos ingleses na Idade Média.

    • Arma poderosa

    A besta, arma medieval para lançar setas, foi um dos destaques do arsenal militar usado na guerra. Sob certas condições, o arco se mostrou superior, disparando mais flechas por minuto, com maior alcance e precisão. Mas a besta possuía suas vantagens: exigia menor esforço, era mais fácil de transportar e de ser disparada por um homem a cavalo.

    • Batalha shakespeariana

    Pano de fundo das cenas mais emocionantes da peça Henrique V, de Shakespeare, a batalha de Agincourt, em 1415, foi a última grande vitória inglesa na guerra. Cerca de 9 mil soldados do rei inglês Henrique V conseguiram derrotar 25 mil cavaleiros franceses.

    A peste paralisa a guerra

    É neste momento que surge um protagonista inesperado: a peste negra, resultado das condições precárias de higiene e de uma alta população de ratos (os veículos da doença) acaba por travar os avanços de Eduardo III. A guerra sofre uma pausa forçada.
    Filipe VI morre em 1350 e João II, filho de Filipe, assume o trono. O rei inglês retoma a guerra na França enviando seu filho, príncipe de Gales, Eduardo, príncipe negro, em 1355 para devastar as terras centrais da França. As forças de João encontrarão as do príncipe negro em Poitiers, onde sofrem novamente uma esmagadora derrota. João II é capturado e levado à Inglaterra.

    Joana d’Arc
    Eis que surge nesse período uma personagem de extrema relevância para a formação da identidade nacional francesa. Joana nasceu provavelmente em Domremy, a 6 de Janeiro de 1412. Era uma simples pastora, pessoa do povo. Desde a infância tinha “visões” místicas que lhe anunciavam a vontade divina de libertar a França do domínio inglês.
    Joana d’Arc não lutava por um senhor ou um feudo, mas sim todo um povo, um único rei. Sob seu comando os exércitos franceses venceram importantes batalhas, quando em 1430 ela foi capturada pelos ingleses e queimada como herética na fogueira no ano seguinte. Seu martírio tornou-se inspiração ao povo francês para reconquistar as terras do norte.

    Final da Guerra 
    Em 1450 a coroa francesa tomava a Normandia e em 1453, vence a batalha de Castillon, tomando o último castelo inglês e confirmando a soberania de todo o território por Carlos VII. A guerra dos Cem Anos acabou por gerar um sentimento nacional na França, além de uma reformulação nas táticas de guerra como a utilização da pólvora no campo de batalha e lançamento de projéteis.



    http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-foi-a-guerra-dos-cem-anos
    http://www.infoescola.com/historia/guerra-dos-cem-anos/
    http://projeto.unisinos.br/rla/index.php/rla/article/viewFile/249/202

    quinta-feira, 4 de junho de 2015

    Cultura do Palácio (Renascimento)

    Biografia de Thomas More

    • Thomas More/Thomas Morus ou Tomás Moro nasceu a 7 de Fevereiro de 1478 e foi um homem de estado, diplomata, escritor, advogado e homem de leis. Ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 1529 a 1532, o cargo de "Lord Chancellor" (Chanceler do Reino - o primeiro leigo em vários séculos) de Henrique VIII da Inglaterra. É geralmente considerado como um dos grandes humanistas do Renascimento. 

    São Thomas More por Hans Holbein, o Jovem (1527).

    História

    • Thomas More chegou a se auto descrever como "de família honrada, sem ser célebre, e um tanto entendido em letras". Era filho do juiz Sir John More, investido cavaleiro por Eduardo IV, e de Agnes Graunger. Estudou na Escola de St. Anthony na sua cidade e enquanto jovem foi pajem do arcebispo Morton. Prosseguiu os seus estudos em Oxford, sob a tutela de Thomas Linacre e de William Grocyn e não só estudou Literatura Grega e Latina, como começou a escrever comédias. 

    Escola de St. Anthony

    • Por volta de 1494, tornou a Londres para estudar Direito, tornando-se advogado em 1501. Fez intenções de abraçar a vida monástica, mas sentiu-se na obrigação de servir o seu país através da política. Foi eleito para o Parlamento em 1504, altura em que casou pela primeira vez.

    • Casou-se com Jane Colt em 1505, tendo tido como filhos: Margaret, Elizabeth, Cecily e John. Jane morreu em 1511 e Thomas More casou-se com lady Alice Middleton. More era homem de muito bom humor, caseiro e dedicado à família, muito próximo e amigo dos filhos. 
       

    •  Fez carreira como advogado respeitado, honrado e competente e exerceu por algum tempo a cátedra universitária. Em 1504, fazia parte da Câmara dos Comuns da qual foi eleito Speaker (ou presidente), tendo ganho fama de parlamentar combativo.  

     O divórcio de Henrique VIII


    • Thomas Wolsey, Arcebispo de York, não foi bem sucedido na sua tentativa de conseguir nem o divórcio, nem a anulação do casamento do rei com Catarina de Aragão como pretendia Henrique VIII de Inglaterra e foi forçado a demitir-se em 1529. More foi nomeado chanceler em sua substituição, sendo evidente que Henrique ainda não se tinha apercebido da rectidão de caráter de More nesta matéria.


    •  Sendo profundo conhecedor de teologia e do direito canónico e homem religioso - ao ponto de se mortificar por Deus - usava por baixo das roupas uma camisa de cilício - More via na anulação do sacramento do casamento uma matéria da jurisdição do papado, e a posição do Papa Clemente VII era claramente contra o divórcio em razão da doutrina sobre a indissolubilidade do matrimónio. Contrário às Reformas Protestantes então já efetuadas e percebendo que na Inglaterra poderia acontecer o mesmo (devido às questões pessoais do soberano que conduziram à crise político-diplomática com Roma), More - apoiante das decisões da Santa Sé e sendo católico - deixa seu cargo de Lord Chancellor do rei em 16 de maio de 1532, provocando desconfiança na Corte e em Henrique VIII particularmente.
    Cilicio photo cilicio.jpg 
    Camisa de cilício (utilizado como uma das formas de tortura antigamente) - camisa de pêlo áspero e duro


    Martírio

    • More foi convocado para fazer o juramento em 17 de Abril de 1534, e perante a sua recusa, foi preso na Torre de Londres, juntamente com o Cardeal e Bispo de Rochester John Fisher, tendo ali escrito o "Dialogue of Comfort against Tribulation". A sua decisão foi manter o silêncio sobre o assunto. Pressionado pelo rei e por amigos da corte, More decidiu não enumerar as razões pelas quais não prestaria o juramento.
    • Inconformado com o silêncio de More, o rei determinou o seu julgamento, sendo condenado à morte, e posteriormente executado em Tower Hill a 6 de julho. Nem no cárcere nem na hora da execução perdeu a serenidade e o bom humor e, diante das próprias dificuldades reagia com ironia.
    • Pela sentença o réu era condenado "a ser suspenso pelo pescoço" e cair em terra ainda vivo. Depois seria esquartejado e decapitado. Em atenção à importância do condenado o rei, "por clemência", reduziu a pena a "simples decapitação". Ao tomar conhecimento disto, Tomás comentou: "Não permita Deus que o rei tenha semelhantes clemências com os meus amigos." No momento da execução suplicou aos presentes que orassem pelo monarca e disse que "morria como bom servidor do rei, mas de Deus primeiro."
    • A sua cabeça foi exposta na ponte de Londres durante um mês, foi posteriormente recolhida por sua filha, Margaret Roper. A execução de Thomas More na Torre de Londres, no dia 6 de julho de 1535 antes das nove horas, ordenada por Henrique VIII, foi considerada uma das mais graves e injustas sentenças aplicadas pelo Estado contra um homem de honra, consequência de uma atitude despótica e de vingança pessoal do rei. Ele está sepultado na Capela Real de São Pedro. 
    •  Foi beatificado em 1886 e canonizado santo pela Igreja Católica em 1935.
     

    http://www.infopedia.pt/$thomas-more
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_More



    segunda-feira, 9 de março de 2015

    Cultura da Catedral


    Catedral de Santiago de Compostela


    • Construída entre os anos de 1075 e 1128, durante a Reconquista Cristã, na época das Cruzadas, está situada no centro histórico da cidade da província da Corunha, na Galiza.
    • É um milenar centro de peregrinação cristã da Europa.
    • Após a descoberta do que se consideravam os restos do apóstolo Santiago Maior, o rei Afonso II das Astúrias mandou edificar uma igreja dedicada ao culto do apóstolo. A construção iniciou-se em 1075 e em 1128 concluíram as obras do templo, deixando para trás meio século de trabalhos.
    Consta de uma planta basilical de cruz latina. Na cabeceira situa-se a capela-mor, rodeada por uma charola pela que se acede a cinco capelas radiais menores. Esta estrutura segue os exemplos franceses dos templos de peregrinação, novas formas construtivas chegadas através do Caminho de Santiago.

     Interior da catedral 


    trifório (galerias sobre as naves laterais) recebem luz diretamente do exterior, transformando-a numa luz filtrada, contribuindo para a mística do local.


    • O Panteão Real - É o lugar dentro da Catedral onde se soterravam reis e personagens do Reino da Galiza.
    • Capela-mor - As suas abóbadas e arcos conservam vestígios de cinco etapas pictóricas.

    • Sepulcro do apóstolo Tiago, na abside principal

    Exterior da catedral

    • O Pórtico da Glória

    • A Fachada das Pratarias















    Românico em Portugal - Rota

    O estilo românico surgiu em Portugal no final do século XI, no âmbito de um fenómeno mais vasto de europeização da cultura, que trouxe para a Península Ibérica a reforma monástica clunicense e a liturgia romana. A chegada das ordens religiosas de Cluny, Cister, dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e das Ordens Militares deve ser entendida no processo da Reconquista e da organização do território.


    A conquista de Coimbra aos mouros, em 1064, por Fernando Magno de Leão, deu uma maior segurança às regiões do Norte. Esta época é marcada por um crescimento demográfico, por uma muito mais densa ocupação do território e por um habitat mais estruturado.

    A expansão da arquitetura românica, em Portugal, coincide com o reinado de D. Afonso Henriques. Foi nesta época que se iniciaram as obras das Sés de Lisboa, de Coimbra e do Porto e que se construiu o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.



    Sendo uma arquitetura predominantemente religiosa, o românico está muito relacionado com a organização eclesiástica diocesana e paroquial e com os mosteiros das várias ordens monásticas, fundados ou reconstruídos nos séculos XII e XIII. 


    Em Portugal a arquitetura românica concentra-se, essencialmente, no Noroeste e no Centro, sendo coeva do período em que se estrutura o seu habitat, com as freguesias e toda uma organização religiosa e vicinal de aldeamentos. A expansão do estilo românico não corresponde propriamente à Reconquista, mas antes à reorganização do território. As dioceses dividem-se em paróquias que têm, no Entre-Douro-e-Minho, uma rede muito densa.




    segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

    Cultura do Mosteiro

    Idade Média





    Conceito - A Idade Média (também conhecida como Período Medieval) corresponde ao período da história europeia, que se inicia com a desintegração do Império Romano do Ocidente e que finda no séc. XV. É uma idade histórica que sucede a Idade Antiga e precede a Idade Contemporânea. A Idade Média, por outro lado, pode dividir-se em Alta Idade Média (o período que abarca os primeiros séculos) e em Baixa Idade Média (os últimos séculos da Idade Média).

     As principais características da Idade Média foram a chegada do povo bárbaro, a consolidação do feudalismo e a expansão do cristianismo.


    Invasões bárbaras - No período da Idade Média, os romanos tinham como hábito tratar seus invasores por bárbaros, o que era uma herança grega, pois designavam bárbaros os estrangeiros que não eram gregos ou que não tinham como língua materna a sua língua.

    As invasões dos povos bárbaros foram de grande importância para que se pôde iniciar uma crise no Império Romano.

    Primeiramente pelo intercâmbio cultural que isto desencadeava, trazendo influências estrangeiras para o Império Romano. Fato que se comprova na Idade Média quando há uma certa mistura de instituições e costumes de origem romana e germânica.


    Bibliografia: http://www.notapositiva.com/dicionario_historia/idademedia.htm


    Regra de São Bento de Núrsia


    O espírito da Regra de São Bento resume-se em dois pontos: 

    • o lema da Ordem de São Bento (pax/paz), que nasceria séculos mais tarde como resultado da agremiação de vários mosteiros que partilhavam a mesma regra; 
    • E ainda o tradicional ora et labora (reza e trabalha), dicas de como um monge deve viver a vida.
    Foi escrito por São Bento (c. 480 - c. 547) no fim da sua vida, composto a partir de 530.

    A "Regra do Mestre" determina que o abade deve ser designado pelo predecessor, a Regra de S. Bento prevê a sua eleição pela comunidade, à cabeça da qual será colocado. O abade, segundo S. Bento, deverá amar os seus monges como seus filhos e fazer-se amar por eles. 


    (abade deriva do siríaco apa, pai, cuja helenização deu abbas, assim passando ao latim)



    A princípio com limitada influência, a Regra começou a ser largamente difundida na época carolíngia, com Bento de Aniana, graças à autoridade na Igreja de Gregório "o Grande", que confere um lugar de destaque a S. Bento e à sua época. Torna-se mesmo, na época românica, o documento fundamental da vida monástica, servindo de modelo a um grande número de novas ordens que a adotam ou nela se inspiram.

    Em Portugal, entra com carácter definitivo e de forma clara depois do Concílio Coiança (Castela), em 1020.
    A Regra de S. Bento foi o melhor sustentáculo da Igreja Medieval primitiva. Rompendo com o ascetismo intransigente do monaquismo oriental, instituiu uma vida comunitária rigorosa, mas razoável e equilibrada.


    O ensino nas abadias beneditinas nos períodos agitados era o único sistema de formação de homens cultos e de administradores, cada vez mais confrontados com formas de governos mais complexas.
    Esta Regra ainda hoje se mantém viva em milhares de mosteiros no mundo inteiro.

    Vida no mosteiro na época medieval

    A vida nos mosteiros

    Nem todos os cristãos eram a favor de a Igreja acumular riquezas e criticavam a vida luxuosa que muitos bispos  e padres levavam. Procurando retomar os ensinamentos e a vida pobre de Cristo, muitos religiosos optaram por uma vida mais simples, recusando os bens materiais. Surgiram assim as ordens monásticas.
    Dentre as novas ordens, destacaram-se as criadas por São Bento.
    Nos mosteiros beneditinos de toda a Europa medieval, os monges eram arrancados ao minguado conforto dos seus colchões de palha e ásperos cobertores pelos sineiros, que os despertavam às 2 horas da madrugada. Momentos depois, dirigiam-se apressadamente, ao longo dos frios corredores de pedra, para o primeiro dos seis serviços diários na enorme igreja (havia uma em cada mosteiro), cujo altar, esplendoroso na sua ornamentação de ouro e prata, resplandecia à luz de centenas de velas. Esperava-os um dia igual a todos os outros, com uma rotina invariável de quatro horas de serviços religiosos, outras quatro de meditação individual e seis de trabalhos braçais nos campos ou nas oficinas. As horas de oração e de trabalho eram entremeadas com períodos de meditação; os monges deitavam-se geralmente pelas 6.30 horas da tarde. Durante o Verão era-lhes servida apenas uma refeição diária, sem carne; no Inverno, havia uma segunda refeição para os ajudar a resistir ao frio.

    Nos seus jardins murados, os monges cultivavam ervas medicinais; num dado momento— ninguém sabe quando —, ocorreu-lhes a ideia de adicionar algumas ervas à aguardente, inventando assim o licor beneditino. Pode parecer estranha esta associação da vida monástica com o luxo das bebidas alcoólicas, mas o vinho foi sempre uma bebida permitida aos Beneditinos. Ligava bem com as suas refeições simples, constituídas essencialmente por pão, ovos, queijo e peixe. Embora a carne fosse proibida nos primeiros séculos, posteriormente algumas abadias adicionaram aos alimentos consumidos aves de capoeira e de caça, uma vez que o fundador não as mencionara expressamente entre as vitualhas proibidas. Em todas as refeições, porém, reinava o silêncio. Deste modo, a Regra de S. Bento, posto que severa sob muitos aspectos, conseguiu atingir um certo equilíbrio entre a ascese e o comprazimento.

    Recomendava-se o silêncio, mas em termos de "espírito de taciturnidade", e não de completa mudez; de facto, existia uma sala especial, com uma lareira acesa no Inverno, onde os monges conversavam. Igual consideração para com os monges se verificava no fornecimento do vestuário, simples mas limpo, que incluía uma muda do hábito e da túnica interior. Os Beneditinos viviam e trabalhavam em obediência absoluta ao seu abade. Eram eles que o elegiam, mas a partir de então a sua autoridade era total e vitalícia. Era o abade quem deliberava sobre a faceta privilegiada do mosteiro — se este deveria primar pela santidade austera, pela cozinha ou pela erudição. No interior das suas paredes maciças, que nenhum cristão ousaria atacar, os mosteiros possuíam bibliotecas nas quais se conservou intacta grande parte da herança literária da Antiguidade durante os séculos em que a Europa foi assolada por invasões e guerras intestinas.
    Na realidade, a segurança, tanto económica como física, que os mosteiros ofereciam às respectivas irmandades deve ter constituído um dos seus principais atractivos. Séculos após século, tanto os Beneditinos como os monges de outras ordens religiosas viveram sem temer a fome, a guerra ou o desamparo. E reconfortava-os sempre a ideia de que, no fim, tinham maiores probabilidades de salvação do que os camponeses ou os cavaleiros, que viviam apegados às coisas mundanas.



    http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/modelos/vidamosteiro.htm

    Planta do Mosteiro

    Reconstituição de um mosteiro







    segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

    Conímbriga


    Conímbriga


    Conímbriga é uma das maiores povoações romanas de que há vestígios em Portugal. Classificada Monumento Nacional, é a estação arqueológica romana mais bem estudada no país. 

    Conímbriga foi na época da Invasão romana da Península Ibérica, a principal cidade do Convento Escalabitano, província romana da Lusitânia. Localiza-se a 16 km de Coimbra, na freguesia de Condeixa-a-Velha, a 2 km de Condeixa-a-Nova. A estação inclui o Museu Monográfico de Conímbriga, onde estão expostos muitos dos artefactos encontrados nas escavações arqueológicas, incluindo moedas e instrumentos cirúrgicos.




    Caraterísticas

    Conímbriga é uma das raras cidades romanas que conserva a cintura de muralhas, de planta aproximadamente triangular. O tramo Norte-Sul das muralhas divide a cidade em duas zonas. Particularmente notável pela planta e pela riqueza dos mosaicos que a pavimentam, é a grande vila urbana com peristilo central, a Norte da via. Em trabalhos junto à muralha Sul foi descoberto um grande edifício cuja finalidade seriam termas públicas, com as suas divisões características.



    Pesquisa arqueológica

    As primeiras escavações arqueológicas sistemáticas em seu sítio começaram em 1899 graças a um subsídio concedido pela rainha D. Amélia. Entre os seus pesquisadores destaca-se Virgílio Correia que, entre 1930 e 1944 (ano em que veio a falecer), escavou sistematicamente toda a área contígua à muralha Leste, colocando a descoberto, extramuros, as termas públicas e três vivendas. ~

    Entre estas últimas, destaca-se a chamada Casa dos Repuxos, com uma área de 569 m², pavimentada com mosaicos e com um jardim central onde se conservava todo um sistema de canalizações com mais de 500 repuxos. Na zona interna à muralha as escavações revelaram uma basílica paleocristã e uma luxuosa vivenda com termas privativas.


    As escavações revelaram ainda um fórum augustano, demolido na época dos Flávios, altura em que a cidade recebeu um estatuto municipal, para dar lugar a um novo fórum de maiores dimensões e monumentalidade; e umas termas, também construídas no reinado de Augusto. 

    Entre estes sectores monumentais foi escavada uma zona habitacional, da época claudiana, constituída por insulas que seria ocupada pela classe média da população ligada ao artesanato. A partir de uma nascente localizada em Alcabideque a água era conduzida até Conímbriga por um aqueduto.

    Em meados do século XX, a partir de 1955 o ritmo das investigações intensificou-se. Os abundantes materiais arqueológicos de toda a espécie, que não era possível conservar no local encontram-se no Museu Monográfico de Conimbriga.

    Cultura do Senado

    Aquedutos Romanos

    Os Aquedutos Romanos  refletiam a filosofia romana de objetividade e praticidade. Roma nos deixou volumosas estruturas que tinham a função de conduzir a água pelas cidades. As fontes atestam que os romanos conheciam o sistema de transporte de água por canalização subterrânea e o de aquedutos em arcos suspensos que fora aprendido com os etruscos. A escolha por este modelo se deu pelo preço inferior das obras, já que os materiais necessários eram mais abundantes e baratos.
    Para o funcionamento da estrutura, a água era sempre proveniente de locais mais elevados, o que impulsionava a distribuição pelo sistema. Era construída em formas de arcos capazes de aguentar o peso, os condutores eram feitos de tijolos e revestidos internamente por cimento, o que costumavam chamar de canalis. A água chegava nas proximidades das cidades e era despejada em reservatórios denominados castellum. Só então o líquido era conduzido por tubos de chumbo ou bronze para a residência dos mais ricos e para as termas. 
    Os romanos necessitavam de muita água para suas atividades e também para o abastecimento domiciliar, das termas e chafarizes. Inicialmente, eles simplesmente captavam água dos mananciais mais próximos, entretanto, com o passar do tempo, eles ficavam poluídos em função do depósito de esgoto sem nenhum tratamento. Assim, abandonava-se o manancial em questão e buscava-se pelo seguinte. Logo, os aquedutos se tornaram fundamentais e essenciais para o cotidiano dos romanos.

    Primeiro a ser construído entre todos os aquedutos. Aqua Appia, 
    feito no ano 312 a.C. por Appius Claudius Caecus


    O maior de todos os aquedutos foi o Aqua Marcia que possuía 91 Km de extensão




    Banhos Romanos



    Durante o império (27 a.C - 476 d.C), o banho público tornou-se parte do cotidiano do povo romano. Havendo banhos públicos em quase todas as províncias e na maioria das cidades, levando ricos e pobres, homens e mulheres a irem a tais locais não apenas para se lavar, mas para participar da vida social da cidade. 
    Os banhos públicos tinham diversas finalidades, entre as quais a higiene corporal, a terapia pela água com propriedades medicinais e recreação.

    Os romanos frequentavam diariamente o Thermae e permaneciam nas suas dependências por várias horas. Ricos romanos iam acompanhados por um ou mais escravos.

    Os romanos absorveram muitas das práticas balneares gregas, e ultrapassaram os gregos no tamanho e na complexidade dos seus banhos. Como na Grécia, o Thermae romano se tornou um lugar focado para a atividade social e recreacional. 
    Quando o Império Romano expandiu, a ideia do banho público se espalhou para todas as partes do mediterrâneo e em regiões da Europa e norte da África. Com a construção de aquedutos, os romanos tinham água suficiente não só para uso doméstico, agrícola e industrial, mas também para os seus propósitos de lazer.


    Ilustração didática reconstituindo a Thermae romana: 

    Os grandes Thermae romanos ofereciam, além do ritual do banho, outras atividades como alimentação, venda de perfumes, bibliotecas e salas de leitura, performances teatrais e musicais. 
    Na Palaestra, havia um espaço para exercícios e competições desportivas (corridas, levantamentos de peso leve e lutas).

    Ao tomar um banho romano, o banhista se expunha gradualmente ao aumento da temperatura. Para realizar este ritual, todos os Thermae romanos continham uma série de câmaras que ficavam progressivamente mais quentes.


     Um Thermae público era construído em torno de três salas principais: o Caldarium (banhos quentes), o Tepidarium (ambiente quente) e o Frigidarium (banhos frios).


    Ilustração didática de um Thermae público na antiga Roma. Frequentar o Thermae, diariamente, fazia parte da vida social na antiga roma. Os banhos públicos eram lugares onde os romanos podiam praticar desporto, fazer a higiene pessoal, realizar negócios. Os banhos eram um lugar de socialização, de desenvolvimento e de atividades para mulheres e homens que iam tomar banhos de imersão e conversar. Como hoje em dia, em um clube.


    Ruínas das Termas públicas romanas em Bath, Inglaterra. A ruptura do telhado original, causou a proliferação de algas. A estrutura de colunas acima do nível das bases é uma reconstrução posterior.

    sexta-feira, 14 de novembro de 2014

    A cultura da Ágora


    Arquitetura Grega





    Erecteion (Atenas) -  Estilo Jónico

    A elegante construção conhecida como Erecteion, no lado norte da rocha sagrada da Acrópole, foi construída em 421 – 406 A.C., como uma substituição de um templo anteriormente dedicado para Atena Polias. “Erecteion”, deriva de Erechtheus, o rei mítico de Atenas, que era adorado lá. Outros textos referem-se às construções simplesmente como “templo” ou “templo velho”. 

    A construção deve a sua forma incomum à irregularidade do terreno, existe uma diferença de três metros de altura entre a parte oriental e ocidental e os vários cultos foram designados para acomodar.

    De acordo com o mito, a serpente sagrada de Atena vivia nos altares de Hephaistus e Voutos, irmão de Erechtheus.  O santuário também continha o túmulo de Kekrops e os traços da disputa entre Atena e Poseidon pela posse da cidade de Atenas.

    O templo foi feito de mármore Pentelic, os frisos de Elêusis de pedra cinzenta com figuras em branco ligados e as fundações de pedra Piraeus.O friso provavelmente retrata cenas dos reis míticos de Atenas.Dentro havia o culto a estátua de Atena, feita de Madeira de oliveira, que Arrhephoroi cobria com peplos sagrados durante o festival Panathenaic.

    erecteion


    Escultura Grega


    Vitória de Samotrácia - Período Helenístico


    Foi criada por volta de 190 a.C possuindo 3,28 metros de altura. Do período helenístico - período de transição entre a dominação romana entre os gregos - representa a deusa grega Nike (Nice) e atualmente está em lugar de destaque numa escadaria do Museu do Louvre, em Paris.
    Foi concebida através da união de seis blocos de mármore e descoberta por Charles Champoiseau, arqueologista e cônsul francês em Adrianople, em uma colina na Ilha de Samotracia em 1863, daí a razão de seu nome.



    Destruída pelo revezar do tempo, o arqueologista a encontrou fragmentada em 118 pedaços. A estátua só foi remontada no próprio Museu do Louvre, quando por lá aportou em 1864. No entanto, um dos mistérios que rodeiam Samotracia nunca foi solucionado: sua cabeça parece ter se perdido para sempre.

    No Brasil, há um réplica da escultura no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Veja a foto abaixo da réplica, do fotógrafo Sergio Renato Martinez.


    Cerâmica Grega





    Ânfora

    A palavra "ânfora" vem do latim amphora, que por sua vez é derivada do grego (amphoreus), uma palavra composta combinando amphi- ("nos dois lados", "duplo") e phoreus ("carregador"), do verbo pherein ("carregar").
    São vasos antigos de origem grega de forma geralmente ovoide e possuidoras de duas alças. Confeccionados em barro ou terracota, com duas asas simétricas, geralmente terminado em sua parte inferior por uma ponta ou um pé estreito, e que servia sobre tudo para o transporte e armazenamento de gêneros de consumo, tal como a salmoura. Era usada pelos gregos e romanos para conter sobretudo líquidos, especialmente o vinho. Servia também para conter azeite, frutos secos, mel, derivados do vinho, cereais ou mesmo água.


    Ânfora com Hércules e a Hidra, ca. 525 a.C